O doce e arriscado amor da mãe diabética

Compartilhar minhas experiências com Diabetes tipo 2, me trouxe uma resposta positiva, pois pude observar que, desde quando comecei, tenho ajudado muitas mulheres a compreenderem mais sobre a doença, a desmistificar alguns tabus e se cuidarem mais. Quero com esse texto trazer a importância dos cuidados durante a gestação da mulher com diabetes tipo 2. Começo explicando como a diabetes teve início na minha vida e como aprendi sobre os riscos de ser mãe e ser diabética.

Passei por isso na minha primeira gestão na qual tive diabetes gestacional (DG), pois ela não foi detectada nos exames de sangue de pré-natal e, se foi, nunca fui informada sobre ela. Meu bebê nasceu pesando 5.100 kg, de parto normal, ou melhor dizendo, anormal, porque quase morremos. Após 3 anos, soube que o motivo de ter tido um bebê “gigante” foi o diabetes gestacional, que não foi tratado nem durante nem depois. O resultado foi que por falta de informações em tempo hábil me tornei diabética tipo 2 (DM2). Soube disso depois de muita pesquisa, pois segundo dados da International Diabetes Federation (IDF), “As mulheres com diabetes gestacional correm alto risco subsequente de diabetes tipo 2, especialmente três a seis anos após o parto”.

Ser mãe com diabetes tipo 2 é conhecer todos os riscos que ela e seu bebê passarão durante a gestação, é a abnegação envolta de amor e determinação. Você precisa querer ter filhos e se responsabilizar por todo o processo. Todos os dias acordar ao deitar, ao levantar no meio da noite para conferir e anotar os níveis de açúcar no sangue, essas mães enfrentam muitos desafios e se superam frequentemente, na maioria das vezes, sozinhas. Muitas vezes, o pai é presente, mas não dá conta.

Pode não parecer, mas é uma decisão de alto risco e muito amor tornar-se mãe sendo diabética. Só o amor de mãe para suportar tamanhos desafios a serem enfrentados. E a única “doçura” permitida na gravidez de uma mãe com diabetes é o “amor-próprio”, e o amor que está sendo gerado em seu ventre.

Temos a mãe que durante a gravidez desenvolve o Diabetes Gestacional (DG) que é o aumento da glicose (açúcar) no sangue neste período. Isso pode ocorrer em qualquer fase da gestação, sendo o mais comum no 6° mês (24 semanas), vindo a desaparecer geralmente após o parto.

O diabetes gestacional deve ser bem acompanhado e tratado para evitar o aumento dos riscos à saúde da mãe e do bebê. Infelizmente, ainda há muitos casos acontecendo por falta de informações e cuidados necessários para as gestantes com diabetes (DG).

Outra decisão a ser tomada, por exemplo, é sobre qual o tipo de parto fazer, se cesariana ou normal, e isso também mexe com o emocional da mãe diabética. Por isso a importância de profissionais preparados para prestar informações corretas e seguras sobre a melhor opção de parto e sobre a recuperação e os cuidados depois dele.

Os cuidados pós-parto são também desafiadores e uma nova luta para essas mães se inicia, principalmente para as que passam por cesariana. Primeiro é a questão de se deparar com seu bebê, logo ao nascer, sofrendo com testes, geralmente nos pezinhos, para saber como está o nível de açúcar no sangue, depois ter de manter os cuidados consigo mesma para que a cicatrização da cirurgia ocorra com sucesso.

Todo cuidado é necessário e fundamental para uma gestação que vai de uma escala de risco para o mais alto risco, mas em meio a todos esses desafios, vem a melhor parte: amamentar; porque sim, a mãe com diabetes tipo pode amamentar. Diferente do que muitos pensam, a diabetes não passa pelo leite materno. A mãe com diabetes tipo 2 e seu bebê, quando bem acompanhados, não têm o que temer.

Mães com diabetes tipo 2, de doce, tenham só seu amor! De resto, mantenha o açúcar longe de seu cardápio e esteja com sua taxa de açúcar no sangue sempre controlada, para que você viva esse doce amor da maternidade por lindos longos anos.

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