Ferramentas de gestão ágeis: como utilizá-las com sucesso?

De que forma podemos utilizar o pensamento linear quando se trata de gerenciar empresas? Para começar, vamos entender o significado de ‘linear’? Linear envolve algumas definições relacionadas a atitudes que são tomadas de forma direta e sem rodeios ou de maneira constante e regular.

Pensar linearmente também significa olhar um problema por um ângulo específico e focar somente nele para tomadas de decisões, sem considerar fatores que podem influenciá-lo direta ou indiretamente.

Mas, como sabemos, o mundo não é linear. Os cenários que nos envolvem são voláteis, dinâmicos, inconstantes, complexos, ambíguos e contraditórios.

Diante disso, como o pensamento linear poderia ser utilizado em ferramentas de gestão ágeis e trazer resultados?

Para tentar atingir esse patamar, a partir dos anos 1990 difundiu-se um conceito utlizado em estratégias de guerra chamado ‘Mundo VUCA’, um acrônimo formado a partir das seguintes palavras inglesas: volatility (volatilidade); uncertainty (incerteza); complexity (complexidade) e ambiguity (ambiguidade). Incorporado ao vocabulário corporativo, ele foi aplicado ao ambiente de negócios numa tentativa de inserir a linearidade na gestão, apesar das incertezas econômicas que regem estes ambientes.

Contudo, hoje este conceito também foi ultrapassado por outro que considera o pensamento não linear como ferramenta mais adequada e que pode ser utilizada na gestão dos negócios: trata-se do Mundo BANI.

O termo ‘bani’ foi elaborado, em 2018, pelo antropólogo Jamais Cascio, portanto, antes da pandemia. No entanto, esta acelerou a transformação digital que fornece mais sentido ao acrônimo que o compõe e que significa: brittle (frágil); anxious (ansioso); nonlinear (não linear) e incomprehensible (incompreensível).

Veja de que forma o conceito proposto pelos aspectos emocionais que compõem o ‘Mundo Bani’ pode ser usado como um ‘orientador’ em ferramentas de gerenciamento:

Brittle – Frágil: como estamos vivenciando uma pandemia, isto confirma que o mundo é realmente um lugar frágil, pois um vírus nos colocou em quarentena. Podemos pensar também que uma simples falha digital pode causar perdas enormes para empresas que podem, em razão disso, despencar na bolsa de valores… A evolução tecnológica, por sua vez, embora traga benefícios enormes, também pode provocar demissões em massa mundo afora ao substituir homens por robôs.  Diante dessa incerteza e fragilidade, precisamos estar preparados para qualquer imprevisto.

Anxious – ansiedade: por sua vez, a incerteza causa ansiedade e senso de urgência na tomada de decisões. Uma oportunidade pode surgir e sumir rapidamente. Diante disso, trabalharemos com uma margem de erro reduzida, mas com atitudes mais ágeis e de melhor proveito.

Nonlinear – não linearidade: planejamentos extensos parecem inúteis e sem sentido no mundo BANI, pois tudo está sempre mudando, assim é preciso ter uma capacidade de adaptação também contínua para acompanhar estas constantes mudanças.

Incomprehensible – incompreensível: a busca por respostas para ‘tudo’ também nos movimenta constantemente, por isso, criar estratégias baseadas em dados ‘mutantes’ é algo complicado. Isso confirma que o risco está inserido em cada decisão que tomamos e é preciso que tenhamos consciência disso.

Mas há algo muito importante: ferramentas lineares ou não lineares só apresentam resultados quando alteramos  nosso ‘mindset’, quando nossa mente está ‘configurada’ para uma compreensão mais ampla sobre como podemos implementar, de fato, as mudanças necessárias.

Quando as utilizamos, mas não alteramos nosso pensamento, não buscamos transformar nossa visão de forma verdadeira e objetiva, o uso destes instrumentos, por mais impactantes que sejam, não apresenta os resultados esperados.
O contrário disso é que se as utilizamos de forma consciente, constante e regular, como citado no começo deste artigo, e conseguimos, efetivamente, mudar nosso ‘mindset’, compreendendo os conceitos propostos e modificando nossas estratégias, podemos sim, chegar aos resultados impactantes que desejamos.

Por Silvia Sanches: especialista em transformação comportamental

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