Pensei num nome que servisse de emblema para as várias temáticas da comunicação, e surgiu este – OFF THE RECORD – é uma expressão já antiga que tem vindo a deixar de se ouvir, não por ter deixado de fazer sentido, mas porque as novas tendências na linguagem, excedem recordes de velocidade no efémero.
Vivemos na era do imediatismo, por isso não há tempo para expressões mais demoradas — veja-se o tempo que demora – off the record. Não. Queremos uma palavra só, para dizer o mesmo!
O “record”, por si só, já é antigo. Substituímo-lo por uma figurinha ou emoji REC. REC com a bolinha e já está!Mas OFF THE RECORD fica, assim como uma conversa só nossa, para falar de comunicação, e de tudo o que com ela se relaciona. Mas, levando as coisas mais a sério, claro que comunicar bem, de forma a fazer passar a mensagem assertiva para aquele momento específico, na velocidade certa, no contexto exato e de forma que seja entendida sem deixar dúvidas, sem espaço para interpretações, por vezes não é assim tão fácil.
Nesta era do imediatismo, protagonismo e imediatismo, com a inclusão das redes sociais nas nossas vidas, com a diversidade de apresentadores nas rádios e televisões, (todos com formações diferentes e atitude profissional diferente, mas com papeis comuns) e com os novas mídias digitais a fazerem parte integrante da nossa vida, agora mais do que nunca, temos que comunicar cuidadosamente.
As barreiras de comunicação não perdoam e podem gerar confusão e mal-entendidos. Quantas vezes assistimos a verdadeiras guerras, nos comentários das notícias online?! Giro que conforme vamos fazendo scroll, vamos percebendo que já não há nexo nas observações, porque as pessoas vão respondendo umas às outras e se afastando do tema da notícia.A questão também é o tempo, ou a falta dele. Também existem diferenças na forma como as mulheres e os homens comunicam. Regra geral, os homens são mais lacónicos, diretivos e diretos no seu discurso, e tendem a falar sobre questões gerais, enquanto as mulheres, também na generalidade, são mais narrativas, evitam as pausas maiores e os silêncios, gostam do que fica subentendido e preferem assuntos mais pessoais.
Longe de ser um tema sexista, é simplesmente uma análise que facilmente podemos fazer para perceber porque muitas vezes existe uma dificuldade de comunicação entre homens e mulheres. Os homens usam mais clareza, menos rodeios e muitas vezes não entendem as dicas que as mulheres tanto gostam de dar para que eles descubram o que está subentendido. Citando a Marta Gautier, se um homem entrar em casa e a mulher estiver com uma cara fechada, cabisbaixo, e o homem lhe perguntar o que tem, ela responderá – não tenho nada! Mas aquele nada está cheio de motivos. A expressão e a entoação que ela utiliza é a dica para que ele pense no que fica subentendido.Se trocássemos de lugar com eles, não seria assim. Se ele dissesse que não tinha nada, era porque realmente não tinha nada. Este pode ser um bom exemplo da incompreensão que a dificuldade na comunicação pode causar numa relação entre duas pessoas. E falando de entoação, as mulheres falam geralmente num tom que vai subindo à medida do entusiasmo, enquanto os homens mantêm o tom.
Se assistirmos a uma palestra, podemos notar diferenças também na forma de comunicar o mesmo tema; as mulheres tendem a recorrer mais a elogios e a envolver o público na comunicação, enquanto os homens não temem as pausas que utilizam para sublinhar situações ou expressões, e são mais diretos no discurso. Ainda bem que assim é. Se assim não fosse, seria tudo muito menos colorido, sem a menor graça.
(Sandra Pimenta)