É mais difícil para a mulher ser imigrante?
A minha experiência de vida e como advogada de imigração, tem-me mostrado que é sim mais difícil para a maioria das mulheres, o processo de imigrar. Há raras exceções.
A mulher, normalmente, sente mais falta da família, do local onde nasceu, dos amigos, de romper com a cultura que tinha, de mudar e fazer as coisas de forma diferente. Quando tem filhos, se estes aceitarem bem o processo da mulher/mãe fica mais fácil, se os filhos tiverem dificuldade em se adaptar, muitas mulheres desistem dos seu sonho de viver em outro país e voltam para as suas origens.
A mulher estrangeira sofre mais preconceito em um país estrangeiro do que o homem. Falo pela minha experiência no Brasil e pelas experiências de muitas brasileiras na Europa. Somos mulheres e estrangeiras, em uma sociedade machista as dificuldades são muitas e agravadas por estes dois “diferenciais”.
A mulher que imigra para acompanhar o marido sofre ainda mais por abdicar da sua própria vida profissional, do seu círculo de amigos, para acompanhar o marido, que tem uma carreira, vista pela sociedade, como mais importante. Em alguns casos trata-se de quem pode sustentar a família, e, nestes casos, é o salário do marido, assim cabe a mulher abrir mão da “sua vida”.
Estas mulheres vêm o campo meio vazio, qualquer dificuldade é uma tentativa de desistir, de retornar ao local de origem, qualquer obstáculo é motivo para repensar, e assim muitos relacionamentos, nestas situações, passam por turbulências. Alguns, infelizmente, acabam porque não houve uma conversa franca sobre imigrar, foi uma imposição da carreira do marido, não houve a escolha do que é melhor para a família, a decisão estava tomada e simplesmente a mulher acompanhou.
Contudo, passado algum tempo em um novo país, estas mulheres redescobrem-se, reiventam-se, percorrem novos caminhos, e conheço grandes histórias de Mulheres imigrantes inspiradoras aqui em Portugal.
Claro que todas as regras têm exceções e existem mulheres que imigram porque querem novas experiências, querem recomeçar algo novo em um novo país. Estas mulheres vão com outra forma de pensar, vão com outro preparo emocional, prontas para enfrentar uma nova realidade de vida. É um querer delas, não é um querer do outro em que elas tiveram que se adaptar. Nestes casos, normalmente, são elas que organizam todo o processo de mudança para um novo país, liderando o processo.
Estas mulheres vão sofrer também os mesmos preconceitos, as mesmas dificuldades, mas o mindset delas é diferente, assim a forma de encarar a vida no novo país vai ser completamente diferente. Estas mulheres vão olhar para o copo sempre meio cheio, as dificuldades que possam aparecer fazem parte, tudo é encarado de uma outra forma.
A adaptação destas é muito mais fácil e elas passam a liderar o processo de adaptação de toda a família, facilitando o processo para os filhos e até para o próprio companheiro.
O ideal, e posso falar com propriedade porque já acompanhei mais de 100 famílias que vieram do Brasil para Portugal, é que tudo, absolutamente tudo seja conversado antes da decisão, que os casais estejam alinhados, que os filhos participem do que está a acontecer, para que a adaptação seja facilitada para todos.
Existem também as mulheres que imigram sozinhas e, para essas, a adaptação é bem mais fácil, porque foi decisão delas, todo o processo foi desenhado por elas e a mudança é feita de forma muito consciente e muito bem planejada. Estas mulheres sabem o que querem, porque vieram, e o que farão em um novo país.
Ainda assim vai ser mais difícil para a mulher ser imigrante, não só em Portugal, mas em qualquer país, já que vivemos em um mundo onde o patriarcado comanda.
A todas as mulheres que querem imigrar, deixo o meu incentivo e as minhas redes sociais para que contem com o meu apoio. Não só pela minha experiência como imigrante, mas também pela minha experiência profissional.
Me contacta através das minhas redes sociais: @eduardasilva.advogada