Sou uma mulher que faz tudo com intensidade, utilizo a arte fotográfica como uma ferramenta que me possibilita encontros de alma! Essa é só uma das minhas facetas e só ela não basta pra me definir, mas fazer esta escolha lá trás faz mais sentido hoje do que nunca. Nessa incrível viagem até aqui, a minha câmera me acompanhou e me possibilitou um olhar muito além da superfície.
Nasci curiosa e muito falante, sempre com muita fome e sede de vida e de obter algumas respostas aos meus infindáveis questionamentos. Nessa busca meio que às cegas, ouvindo e seguindo pistas através dos ritmos e vozes do mundo; me moldei a ele e nele me perdi. Eu mergulhei numa espécie de estado entorpecido e os anos e décadas foram passando.
Prestes a completar meus 50 anos, às vésperas da pandemia, fui sacudida por um pequeno comichão e ousei despertar, comecei a dar pequenos passos rumo a minha essência. Um processo se iniciou com um ritmo próprio e constante. Hoje, fecho os olhos para poder enxergar melhor. Alcancei aquela paz de quem não quer ter razão e, onde a ansiedade é um dragão que pode me engolir, já sei como domá-la.
Vou voltar um pouco na linha do tempo da minha história para te dar mais contexto. Veja bem, não vai ter princesa sendo beijada e nem sapo virando príncipe, embora de início, esse fosse o plano. Sempre fui uma leitora voraz na busca de entender o que vivia. Em todas as minhas conexões, amorosas ou não, eu me baseava em romances de filmes, por isso todos estes capítulos da minha vida foram desastrosos.
Em todos os relacionamentos eu mergulhava no outro e me perdia. No caminho de volta, aos pedaços, eu sofria. Demorava um tempo para juntar os cacos, mas o que voltava não tinha pedaços autênticos de mim. Nesse ritmo, de dor em dor, eu caminhei numa estrada em direção a um universo inexplorado, o do autoamor e da autocompaixão.
Comecei meu processo de cura me libertando da Síndrome da Impostora. Eu estava ali, no meu lugar, tentando me enxergar com valor. Atravessei túneis sombrios, porque na busca de me encontrar, sai julgando e me comparando. Sabe esta tendência compulsiva que foi despertada pelas redes sociais de olhar em volta o tempo todo? Pois é. Passei por desertos mentais num jogo onde não há vencedores. Me lembro de passar um ano cultivando um jardim de mágoa por uma pessoa, onde o veneno da “ofendida” circulava nas veias noite e dia. Fui caminhando para a exaustão. Agradeço a Deus por me iluminar.
Refiz totalmente minha rota e passei a buscar, não no outro, mas no Deus que habita em mim, todas as respostas. Abri uma janela! O espelho na minha frente começou a desembocar. Fui perdoando tudo e todos! Fiz perguntas mais profundas, direto do coração: “Como encontrar minha essência?” “Como me relacionar com as pessoas de coração aberto, sem despedaçá-lo no processo?”
Nesse caminho, encontrei o restante do enigma! Eureka, ele estava nas minhas conexões. Eu devia voltar para elas com uma mudança de perspectiva completa. Um novo olhar. Agora, sem julgamentos, sem raiva, sem mágoas, sem ilusões.
Somente uma alma diante de outra alma, ambas sedentas de amor e aceitação. Dessa descoberta, vi o meu porque no mundo. Vi onde poderia fazer a diferença e trazer para as pessoas o mesmo despertar que eu tive. Minha conexão fotográfica com as pessoas alimentam minha alma. Este olhar atento, este tipo de atenção que para o instante no aqui e agora, que só a fotografia proporciona. Me vi criadora, criativa, potente e fui me curando. Feridas e cicatrizes foram tratadas e um grande amor está invadindo todas as áreas da minha vida. Assustadoramente fiquei leve.
Adriana Oliveira
@adrianaphotografia