Gratidão materna

Saiba como exercer o contentamento na maternidade, principalmente, durante a pandemia.

A pandemia do Novo Coronavírus tem feito com que as pessoas passem mais tempo dentro de casa, mães, como tendência, têm se sentido culpadas cada vez mais por não serem capazes de atender aos anseios dos filhos, seja o de brincar na rua, visitar os coleguinhas ou de comprar algo que deseje muito.

Devido à situação econômica no Brasil, diversas famílias estão sentindo na pele como é viver com a ausência do poder de compras, pais e mães estão se desdobrando para garantir o sustento básico da casa, sendo assim, acabam deixando os brinquedos, roupas novas e supérfluos em geral (na maioria das vezes solicitados pelos filhos) para outro momento. Esses costumam ser sentidos, na maior parte, pelas mães, que acabam desenvolvendo o sentimento de culpa e fracasso materno.

Marcelo Galuppo é filósofo e escritor, e tem refletido sobre esses temas em suas aulas e nas mídias sociais. Para ele, a felicidade pode ser tratada de dois modos: como a sensação de que uma vida completa e a sensação de bem-estar. Ambas têm relação com a sensação de que se vive uma vida que vale à pena ser vivida. Gratidão é reconhecer que, sendo dependentes uns dos outros, muito do que possuímos e recebemos, não decorre de nosso mérito.

Segundo o especialista, “a falta de autoconhecimento é o que mais traz infelicidade, e querer estar no controle de tudo, é o que nos torna ingratos. Objetivamente, temos melhores condições para sermos felizes do que há 100 ou 200 anos atrás (com o desenvolvimento de e eletricidade em casa, por exemplo), mas, várias pesquisas indicam que somos cada vez mais insatisfeitos com a gente mesmo”.

Cuidar de si é também ser grato

Filhos representam uma dádiva às nossas vidas, somos gratos por tê-los conosco, mesmo trazendo algumas “dores de cabeça” diárias. Como forma de agradecimento, cuidamos, educamos e amamos incondicionalmente. Aliás, o psicanalista D. Winnicott dizia que o que caracteriza o amor das mães é essa extrema generosidade: magoadas e feridas pelos filhos, elas continuam os amando. É exatamente assim que as mães precisam se enxergar, entender que, de fato, não são máquinas, mas que erram, brigam, corrigem e continuam amando seus filhos.

Para manter uma boa relação com outro e poder zelar de quem amamos, precisamos olhar para o dentro de nós e nos proporcionar alguns momentos de descanso mental e físico.  “São as nossas escolhas de como lidar com as complexidades cotidianas que irão definir, ao longo da nossa jornada, se estamos gratos e se conseguimos ser felizes apesar dos problemas, dos desafios e contratempos. Ser agradecido já é também uma maneira de praticar a felicidade”, elucida o filósofo.

Fonte: Marcelo Galuppo é filósofo e professor universitário – filosofia do direito. Professor há 25 anos, graduado pela PUC em Direito e fez filosofia do Direito pela UFMG. Além disso, escreveu livros técnicos, tais como; 1999 – Igualdade e Diferença e Metodologia de Pesquisa – Da ideia a defesa: o Impeachment. E mais recentemente o lançamento do livro “Um dia sem reclamar”, com Davi Lago (@prof.marcelo.galuppo).

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