Exposição “Elas Fazem Arte”, com obras de artistas mulheres, será inaugurada pelo Instituto CPFL e TV Cultura

Crédito: Crica Monteiro, Proteja a Mata, 2018. Spray sobre tela. Acervo da TV Cultura. Foto: divulgação.

Mostra traz criações do acervo da emissora. Tomie Ohtake, Adriana Varejão, Flavia Junqueira e outros grandes nomes da arte terão algumas de suas obras presentes, com curadoria de Daniela Bousso

Será inaugurada no dia 13 de setembro, a exposição “Elas Fazem Arte”, realizada pelo Instituto CPFL em parceria com a TV Cultura. Com a curadoria de Daniela Bousso, a mostra apresentará 20 obras do acervo da emissora, criadas por artistas mulheres, e ficará em cartaz na sede do Instituto CPFL, em Campinas, até o dia 2 de dezembro.

Segundo Eneas Carlos Pereira, vice-presidente da TV Cultura, a parceria entre a Fundação Padre Anchieta e CPFL é um dos cases mais bem sucedidos da história da lei de incentivo à Cultura.

“Remonta há 20 anos e tem no Café Filosófico sua grande realização. Nesse período, o Café Filosófico tornou-se uma grande marca e gerou inúmeros desdobramentos dessa parceria. O mais recente é essa exposição, com obras de grandes artistas brasileiras modernas e contemporâneas.”

“Ao longo dos nossos 20 anos, temos sediado diversas exposições que colocam a nossa cidade em destaque quando o assunto é arte. Nesta parceria com a TV Cultura, estamos trazendo mais uma exposição que nos enche de orgulho por ter como protagonista a mulher. Entendemos que uma das formas de apoiarmos a equidade entre gêneros, passa por viabilizarmos projetos artísticos como esse, já que a participação feminina na história da arte brasileira se fortaleceu somente a partir do Modernismo”, comenta a head do Instituto CPFL, Daniela Ortolani Pagotto.

Sobre a Exposição

Os três eixos principais que dão vida à mostra são “Tendências Abstratas da Arte”, “Cidades” e “Conceitualismos”. Eles convidam o público a um passeio pelas obras das artistas Adriana Varejão, Amélia Toledo, Anna Bella, Beatriz Milhazes, Carmela Gross, Cristina Canale, Flavia Junqueira, Gê Viana, Kimi Nii, Leda Catunda, Mag, Mag Magrela & Eveline Sin, Crica, Mari Mats, Maria Bonomi, Marina Saleme, Suppa, Geiger, Tatiana Blass, Teresa Viana e Tomie Ohtake.

As mulheres selecionadas no acervo da TV Cultura configuram um recorte voltado não somente à presença das mulheres na arte, mas também a aspectos políticos.

“Tal como nas obras de Anna Bela Geiger, Adriana Varejão e Beatriz Milhazes, que referenciam questões pós-coloniais e a história do nosso país. A coleção, criada a partir de critérios abertos a cada programa, configura um período da arte brasileira, entre os anos 1988 e 2023”, explica Daniela Bousso, curadora da exposição.

Daniela Bousso é historiadora, crítica e curadora de arte contemporânea e novas mídias. Foi diretora do Paço das Artes e do Museu da Imagem e do Som de São Paulo. Graduada em Artes Plásticas pela FAAP, Daniela fez o mestrado em História da Arte Brasileira na ECA/USP. É doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e Pós-doutora em artes visuais pela UNESP. Em sua trajetória, atuou em mais de 80 projetos de curadorias, entre eles na Bienal de São Paulo e no Museu Reina Sofia e no ZKM, no exterior. Realizou ainda 7 projetos especiais e editou mais de cem livros, além de exercer a docência em cursos de graduação e pós-graduação.

Primeiro eixo

O primeiro eixo agrega trabalhos que dizem respeito às tendências abstratas da arte e compreende artistas como Tomie Ohtake, Cristina Canale, Marina Saleme, Tatiana Blass e Teresa Viana. Com exceção de Tomie Ohtake, da primeira geração entre os artistas abstratos do final dos anos 1950, algumas artistas integram ações da chamada Geração 80 no Brasil, tendência esta que surge sob influência da Transvanguarda, de origem italiana, que cravou um retorno à pintura nos anos 1980 nas artes, seguida da Alemanha.

Na mostra, as cariocas Adriana Varejão, Beatriz Milhazes e Cristina Canale, junto com a paulistana Leda Catunda, representam o segmento.Esta volta à pintura, na Europa, visou superar as ações da arte conceitual – a qual muitas vezes suprimia o objeto fenomenológico – em prol de uma arte que respondia mais às exigências do mercado, que necessitava de objetos estéticos para a concretização de vendas.

No Brasil, a pintura retorna em meados da década de 80, mas explode mesmo nos anos 1990, voltando-se a questões de materialidade e representação. Diferentemente das pinturas da Transvanguarda alemã, as artistas que emergem no final dos anos 1980 por aqui apresentam pinturas de colorido vivo e intenso, nas quais o pictórico é que dá o tom.

Ainda que por vezes aludem às paisagens, a pincelada e a cor é que traduzem o conteúdo e a mensagem em cada trabalho, quando ela de fato existe. As artistas Marina Saleme e Teresa Viana também integram este eixo inicial, ao trabalharem com aspectos formais da pintura e ao conferirem a ela aspectos subjetivos.

Segundo eixo

No segundo núcleo da exposição, as artistas trabalham questões que se referem a cidades. Muitas vezes os cenários eram feitos ao vivo durante o programa Metrópolis, da TV Cultura. É o caso de uma das obras de Maria Bonomi, que convidou a dupla de grafiteiros Os Gêmeos para participar do trabalho.

Bonomi normalmente trabalha com xilogravura, mas desenhou edifícios e árvores acinzentadas durante a gravação do programa e Os Gêmeos fizeram uma intervenção sobre a obra.Mari Mats, Crica e Mag Magrela & Eveline Sin trazem o universo da Street Art ou do Graffitti para a TV. São figuras feitas com spray e máscaras. Muitas vezes estas obras, realizadas no espaço urbano – em geral confeccionadas por artistas da periferia na calada da noite, em túneis, debaixo de viadutos ou em paredões de grandes avenidas – são condenadas ao apagamento e ao desaparecimento, tanto pela proibição das autoridades, como pela ação do tempo.

Ainda no escopo das cidades, a obra de Flavia Junqueira, que aloca balões em vários pontos da metrópole, nos remete às memórias de infância e evidencia um lugar inusitado, o Minhocão, que dá nome à obra exposta. Gê Viana, por sua vez, nos coloca diante de questões de gênero, hoje em destaque na pauta afirmativa do sistema da arte. A artista Suppa completa o clima das obras com a representação de casarios coloridos.

Terceiro eixo

Nesse eixo, as artistas têm uma abordagem mais ligada aos conceitualismos. Anna Bella Geiger, Amélia Toledo, Leda Catunda, Carmela Gross e Kimi Nii apresentam obras em variados suportes. Kimi Nii, tradicionalmente conhecida como ceramista, imprime conceito à técnica na medida em que cria um totem cerâmico que suprime a funcionalidade do objeto.

Amélia Toledo apresenta um painel escultórico, rasgando o espaço e inundando-o de cromatismos azuis.Anna Bella Geiger traz uma impressão serigráfica, enquanto Leda Catunda e Carmela Gross trabalham aspectos pictóricos a partir da perspectiva própria de suas obras. Enquanto Carmela experiencia a pintura, permanece afeita aos conceitos, recortes e materiais que delineiam a sua trajetória.

Leda Catunda, embora surja nos anos 80, apresenta um forte trânsito entre a Pop Arte e a arte conceitual, enquanto opera entre a figuração e os conceitualismos. Ao fazer uso da figuração, da colagem, do recorte e do colorido aproxima-se do Pop. E ao deixar a tela vazada e abrir outros espaços para o pouso do olhar, aproxima-se mais das especulações de Marcel Duchamp com seus Ready-mades.

Acessibilidade

Em frente à entrada do Instituto CPFL, na Rua Jorge Figueiredo Corrêa, há um semáforo especial com dispositivo sonoro para auxiliar a travessia de pedestres com deficiência visual. Já no interior do Instituto CPFL, o acesso para a Galeria de Arte conta com elevador para pessoas com mobilidade reduzida e cadeirantes.

A exposição também oferece audiodescrição para as obras expostas. Para acessar o recurso, basta apontar a câmera do celular para os QR codes instalados próximos das obras. Para uma experiência mais ampla, é recomendado que o visitante leve seu próprio fone de ouvido. No local, os mediadores poderão auxiliar pessoas cegas no processo de ativação do QR Code.

Arte e Educação

O Instituto CPFL oferece visitas educativas durante o período da exposição, voltadas para toda a comunidade. As visitas são conduzidas pela equipe de arte-educadores, que realiza atividades que estimulam as experiências crítica e poética com a exposição.

As visitas educativas serão realizadas com grupos de pessoas, grupos escolares, instituições sem fins lucrativos, ONGs e afins. Para esta atividade é necessário o agendamento dos grupos através do email elasfazemarte@icrescer.org.br, informando a data e horário da visita, quantidade de pessoas/alunos e a faixa etária do grupo.

Após a temporada no Instituto CPFL, em janeiro de 2024 a exposição Elas Fazem Arte ocupará o Solar Fábio Prado, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, e ficará aberta ao público até o mês de março.

Serviço

Exposição “Elas Fazem Arte”Curadoria: Daniela Bousso

Local: Galeria de Artes do Instituto CPFL Período: de 13 de setembro a 2 de dezembro de 2023

Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 9h às 18h; sábado e feriados: 10h às 16h; domingo – fechado

Endereço: R. Jorge de Figueiredo Corrêa, 1632 – Chácara Primavera – Campinas)

Entrada gratuita

Agendamento de visitas: elasfazemarte@icrescer.org.br | (11) 93089-2483

Informações: institutocpfl.org.br

Sobre o Instituto CPFL

O Instituto CPFL (ICPFL), que completa 20 anos em 2023, é a plataforma de investimento social privado do Grupo CPFL Energia. É responsável por coordenar as iniciativas de protagonismo social da companhia junto às comunidades onde as empresas do grupo atuam. Os investimentos realizados pelo Instituto CPFL em 2023 somam R$ 29,3 milhões e, nesta temporada, serão apoiados projetos de impacto social em cerca de 180 cidades de 7 estados brasileiros através das frentes CPFL nos Hospitais, CPFL Jovem Geração, CPFL Intercâmbio Brasil><China, Circuito CPFL, Café Filosófico CPFL.

Saiba mais em www.institutocpfl.org.br.

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