Início do ano de 2022 e eu às voltas com o lançamento do livro Somos F*das: Lisboa, Porto, Londres, Niterói, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, nessa ordem.
Resolvi incluir mais uma cidade no meu roteiro, Paris: quero conhecer o Louvre, pensei. Véspera de viagem. Quase tudo resolvido. Voo cancelado.
Começou a saga do telefone. Quando enfim consegui falar com a companhia aérea, no salão fazendo as unhas, tive a notícia que conseguiram me encaixar em um voo que sairia dentro em uma hora e meia do Santos Dumont. Corri, fechei as malas, deixei Freud, e quando cheguei no aeroporto, não me deixaram embarcar.
Poderia ter começado ali meu desespero. Era o segundo voo frustrado. Mas, acredite: o que parece ruim, ainda pode piorar. E isso não significa que seja melhor desistir. Coisas da vida, pensei.
Mais algumas horas no telefone com a companhia aérea, agora meu novo voo seria no dia seguinte. Despachei as malas, entrei na área de embarque, me acomodei no meu assento dentro do avião. – Agora vai! Mais de três horas depois veio a notícia: voo cancelado. Lembra que eu falei que o que está ruim ainda pode piorar? Então.
Pega as malas na esteira, entra na fila de informação, fila de voucher de táxi, fila para o hotel. Depois de tantos transtornos, eu já tinha desistido de Paris, só queria ter certeza que estaria em Lisboa no dia do lançamento. Fui para o hotel enfrentar mais uma fila imensa para o check in. Mais de uma hora de fila, quase onze horas da noite, esgotada, enfim peguei o cartão do meu quarto. Quando abro a porta, o quarto estava ocupado! Sim!
Desço eu, minha bolsa, minhas duas malas, minha fome e meu cansaço, volto para recepção do hotel e clamo: preciso de um quarto livre.
Subo de novo, dessa vez acompanhada de um funcionário do hotel. Ele, vendo minha cara de derrota, ainda diz: o dia está difícil hoje né moça? Só falta o elevador parar. Eu ri e seguimos para “meu” quarto. Mais uma vez, ocupado.
A essa altura do campeonato eu me rendi. Sentei no chão com todas as malas e frustrações e pedi para que o funcionário do hotel conseguisse um quarto livre. Queria estar em Paris, vendo a paisagem de inverno, sentindo a energia do Rio Sena, tirando fotos na Torre Eiffel, me emocionando no Louvre, vendo todos aqueles franceses lindos, enquanto passeava tranquilamente escolhendo em qual café iria parar.
Depois de três voos frustrados, dois quartos ocupados, enfim consegui um quarto livre. Abri a janela.
Todo meu romantismo parisiense foi por água abaixo quando vi a Candelária, o VLT e ouvi o barulho ensurdecedor dos carros na Presidente Vargas. Sentei na cama. Liguei para meu primo, sabia que ele iria me fazer rir. Gargalhamos muito de toda essa loucura.
Amanhã vai dar certo.
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