❝Seja quais forem suas ocupações,
sua entrega ao que se faz não deve ter limites,
nem deixar que tenha o senso do cansaço.❞
(Jane Austen)
Que a História é também contada por meio das histórias, muitos já sabem. Afinal, a literatura está inserida em um contexto histórico, e, muitas das vezes, foi a única forma de algumas mulheres colocarem suas vozes no mundo!
Jane Austen que o diga! Ainda que, de forma “anônima” ou com assinaturas “inventadas”, suas narrativas ganharam o mundo, e, há quase três séculos, nos rendemos aos romances e personagens criados pela escritora inglesa. Tramas inteligentes, com ideais muito à frente de seu tempo, da escritora que nasceu em dezembro de 1775, na cidade de Steventon, Hampshire, na zona rural da Inglaterra. Austen era a segunda menina de uma família de sete irmãos. Filha de George e Cassandra Austen, seu pai era um reverendo anglicano.
Sempre foi fascinada pela biblioteca do pai e desde muito nova desenvolveu uma paixão pela leitura e escrita. Hoje, Jane Austen é uma das escritoras mais influentes da história, publicou obras que se tornaram clássicos como Razão e Sensibilidade (1811), Mansfield Park (1814), Emma (1815), A Abadia de Northanger, Persuasão (1818) e a mais famosa.
É sabido que todas as obras de Jane Austen foram publicadas de forma anônima. Críticos literários acreditam que ela tenha escolhido usar um pseudônimo para se proteger, pois na época a literatura ainda era vista como uma atividade predominantemente masculina. Seu nome só foi aparecer na capa dos livros após sua morte prematura, aos 41 anos, e que ainda é um mistério!
Para nossa sorte, o anonimato foi quebrado, e no ano de 2011, Catherine Reef lançou a biografia “Jane Austen – Uma Vida Revelada”. O livro de sucesso aborda a vida e carreira da escritora.
Austen teve fãs ilustres, como o Príncipe Regente, George IV, que fez a ela um pedido: a dedicação do próximo livro a ele, o que foi feito no romance Emma. Charles Darwin também era um grande admirador de Jane Austen e dizia saber seus romances de cor, e Virginia Woolf, por sua vez, chegou a comparar Austen com Shakespeare.
A autora viu somente quatro de suas obras publicadas em vida, Jane Austen faleceu com 41 anos no ano de 1817. A causa da sua morte é misteriosa, estudos indicam que ela pode ter morrido envenenada por arsênico, ou então devido a doença de Addison. A teoria de que Austen tenha sido envenenada foi levantada após estudos feitos por cientistas na British Library, na Inglaterra. A teoria é justificada com base nas dificuldades de visão de Jane Austen e na descoloração da pele. A autora queixava-se desses problemas nas cartas escritas para sua irmã.
Somos hoje “A Dama” que Austen usou para assinar Razão e Sensibilidade”. Inconscientemente, ou talvez nem tanto, ela nos une, nos representa em uma voz tão à frente de seu tempo. Principalmente, nos descreve ao dizer que também somos razão e sensibilidade. E são exatamente estas características que nos distinguem no mundo dos negócios, no empreendedorismo. Não basta ter toda a racionalidade do mundo! É preciso muita sensibilidade, intuição, graça. Se preciso for, “andamos com os lobos” e resgatamos nossa sabedoria tribal e ancestral.
Ao visitar “A Esquina dos Poetas” , dentro da Abadia de Westminster, o lugar mais honroso que um escritor pode ser lembrado e enterrado na Inglaterra, eu me emocionei ao ver a placa de honra de JANE AUSTEN.
Entendi que, historicamente, esta voz escondida ecoa desde as cantigas medievais, na Península Ibérica, por trás das “Cantigas de Amigo”, ou nas denúncias de Anne Frank, mas ela nunca se calou!
E assim prosseguimos, fazendo a diferença no mundo! E assim, séculos após séculos, ecoa nossa voz entre a razão e a sensibilidade!
Sueli Lopes, escritora, professora, palestrante, curadora literária, Embaixadora Cultural.
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