Conheça Monica Faria: historiadora que defende um modelo de educação descolonizado

Atuando também como geógrafa e professora, Mônica é fundadora de uma empresa que oferece soluções educacionais focadas em um ensino onde a ancestralidade preta e os pensamentos ameríndios sejam incorporados no programa.
Muitos são os adjetivos que podem definir Mônica Faria, no entanto, a versatilidade é uma das qualidades mais latentes na historiadora, geógrafa, educadora e empresária que, aos 54 anos, colocou toda a sua inquietude na defesa de um ensino que seja, sobretudo, descolonizado, incluindo no programa educacional, materiais que incorporem pensamentos e conceitos vindos de culturas africanas e/ou ameríndias.
Para concretizar este objetivo, Monica fundou, em 2022, a Iroko Soluções Educacionais, empresa que tem como missão difundir conhecimentos originários, principalmente, do continente africano. A empresa é fruto da vivência da educadora nas salas de aula da rede publica de São Paulo, onde, mesmo com a existência da Lei 10.639/03, que completa 20 anos em 2023, este tipo de conhecimento não costuma fazer parte dos livros didáticos e nem dos demais materiais de estudo que compõem a grade curricular.
Atuando ainda como Especialista em Relações Étnico-raciais, Monica trata com muita propriedade a herança ancestral africana que reside em 56% da população brasileira. Desde temas históricos e culturais, até questões que envolvem a sociedade como um todo, tudo passa pela ancestralidade e pode incluir, por exemplo, a gastronomia e a culinária, entre outros. O vasto conhecimento para tratar dos vários aspectos que formam estes assuntos a credencia para compartilhar suas ideias e ideais em palestras e estudos que percorrem o Brasil.
Formada em História , Geografia e em Literatura Mônica acredita que o conceito inovador que precisa fundamentar as bases da educação contemporânea, deve ser estimulado e debatido também para que mais pessoas negras em situação de vulnerabilidade possam acessar um ensino de qualidade. Para além do segmento educacional, a profissional também atua como palestrante abordando temas voltados à diversidade e a inclusão social.
“Acredito que é muito importante o debate atual destes temas, assim como do dipolo negro existente no desenvolvimento da sociedade brasileira. Lembro ainda que muitas tecnologias desenvolvidas pela África ancestral foram usurpadas pelo ocidente, mas isto não é divulgado de forma ampla e transparente. Com meu trabalho também quero contribuir para que haja uma divulgação mais intensa”, salienta.

Os estudos sobre o vinho começaram por conta de uma taça de vinho. Num dia durante a leitura do livro A cor purpura de Alice Walker ,eu tomava vinho e ao fazer um movimento circular com a taça a luz fez com que o liquido refletisse a cor purpura, e isso me chamou atenção. Imediatamente me veio a memoria os filmes egípcios onde nas festas todos tomavam vinho, naquele momento me ocorreu que o povo egípcio era muito mais antigo que os povos gregos e romanos . Resolvi fazer um pesquisa rápida, sobre o vinho no Egito antigo e para minha surpresa ,descobri vários estudos a respeito da origem da bebida ,incluindo um que dizia que o Irep (vinho) era a bebida predileta dos faraós de Kemet (Egito). Isso aguçou mais a minha curiosidade e comecei a estudar a respeito.

Para entender um pouco melhor

A formação de Kemet teve início no final do período paleolítico, quando o clima árido do Norte da África e a desertificação do Saara fizeram com que muitos africanos migrassem para o Vale do Nilo. Lá, várias comunidades agrícolas se estabeleceram e viveram em grupos ao redor do Rio Nilo. No entanto, foi durante o período pré-dinástico, antes da unificação de Kemet e da ascensão de um faraó, que as culturas keméticas começaram a se unificar e formar pequenos estados ao longo do Rio Nilo, cerca de 6.000 anos atrás. De acordo com a Pedra de Palermo, Kemet se unificou em dois reinos, um no Alto e outro no Baixo Kemet.

Lá eles desenvolveram as mais diversas tecnologias. Por volta de 3200 a.e.c , cerca de 5300 anos atrás que em uma ação política centralizadora ,Menés I, promove a unificação dos povos do baixo e do alto Nilo , tornando se o 1º das 30 dinastias de Faraós de Kemet.
Importante salientar que, quando surge a famosa obra de Homero ,Odisseia e Ilíada a mais ou menos 2800 anos atrás, Kemet estava na sua 25ª dinastia , ao passo que o Papiro de Ani, foi escrito na 18ª dinastia, e o Egito que conhecemos hoje aparece centenas de anos depois ,descrito como um templo, o Templo de Egypto ,conforme explica o Dr.Théophile Obenga:

“Egypto é uma palavra grega que foi usada para descrever um templo em Kemet que era governado por africanos” . Logo o Egito era uma pequena edificação dentro de uma grande civilização e não um país .Mas onde entra o Irep(vinho) nessa história?Apesar do conhecimento não ser difundido, em tempos faraônicos, as paredes das Merkuts ( Pirâmides) nos deixaram grandes ensinamentos e principalmente revelações , ao contrário do que aprendemos nos bancos escolares o mundo não começa a se movimentar a partir do movimento dos ocidentais, muito pelo contrário, as primeiras grandes civilizações surgiram em África assim como as tecnologias que até hoje usamos , a arquitetura, medicina, matemática, filosofia, e muito mais surgiu lá e com o Irep( vinho ) não foi diferente . Nas paredes das Merkuts estão gravadas todo processo de vinificação , desde a plantação das uvas, a seleção , a pisa e o engarrafamento.Na segunda década do século 20 foi descoberta a tumba do faraó menino conhecido como Tutankamon e ao redor do sarcófago estavam três ânforas com a data de fabricação, o produtor, e o enólogo ou seja ,três ânforas com vinhos diferentes , tinto , branco e shadeh. O que comprova que a cultura do Irep (vinho) como conhecemos hoje é a mesma praticada pelos africanos Keméticos a milhares e milhares de anos atrás. Portanto a produção do Irep(vinho) faz parte da cultura do povo africano , independente do tempo histórico, e do lugar que seus descendentes estejam, pois a invenção da bebida se deu por mãos Pretas assim como sua produção ,mesmo que em situações adversas a exemplo da cachaça.

Nomes originais :

Merkut- Pirâmide

Rio Hapy-Rio Nilo

Irep – Vinho

Quem é Monica Faria
Historiadora, geógrafa, especialista em Relações Étnico-Raciais, palestrante e fundadora da Iroko, empresa que visa propagar informações que sejam, sobretudo, descolonizadoras. Para saber mais sobre o trabalho de Mônica, seus projetos e inspirações, acesse os perfis @monicafaria68/ e @irokoeducacional

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *