Dia desses, confesso, me surpreendi! Sim, fiquei perturbada ao ver uma mulher empreendedora assim como eu, e, mais ainda, militante feminista, dizer: “O seu projeto não tem nada a ver com o meu. A sua proposta traz histórias de empreendedoras e o meu fala sobre feminismo. Não podemos trabalhar juntas”.
Como assim, eu pensei! Vamos por partes.
Imagine uma editora, cujo nicho são livros feministas, e que pretende inovar seu catálogo oferecendo, agora, livros infantis com mesma proposta, além da reimpressão de clássicos mundiais escritos por mulheres atemporais.
Você, mulher empreendedora, não gostaria de conhecer uma proposta como esta? Será que ocupar a posição de mulher bem sucedida, por estar à frente do seu negócio, te impede de ouvir o que a CEO de uma editora de livros feminista tem a dizer?
Bom! Nem sempre estar à frente da própria empresa significa ser bem sucedida ou pensar de forma separatista e segregadora (não quero dizer aqui que todos que ocupam uma posição como esta pense assim). NÃO! Muitas vezes, tomar conta de um negócio pessoal, acontece, justamente, porque não compactuamos com o pensamento da maioria, advindo de uma da lógica discriminatória de que as mulheres se tornam mães, são mais emocionais e fragilizadas, motivos que as impedem, na maioria das vezes, de estarem à frente de grandes, médias e também de pequenas organizações.
Talvez, a CEO dessa editora, que também é empreendedora, não tenha tido vontade ou condições, naquele momento, de apoiar o projeto de outra mulher, que, assim como ela, sonha por igualdade de gêneros. Mas daí, dizer que o seu produto não condiz com o pensamento de outras empreendedoras não pode ser verdade, não mesmo!
Querer combater a desigualdade classificando indivíduos por suas diferenças é, no mínimo, tolice. Não se combate uma intoxicação aplicando mais doses do mesmo veneno.
Pessoas mudam e, principalmente, ideias mudam. Se o seu projeto difere do meu, é justamente com você que eu quero falar. Quem pensa como eu, já luta por mim! Minha vitória está em dialogar com os que pensam diferente, para juntas, quem sabe, lutarmos direitos.
Por Maiza Silva
Jornalista e Copywriter
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