Quem aí gosta de dinheiro? Todos nós, com certeza! Porém a vida das mulheres nesse setor nem sempre foi tão acessível assim.
Vou contar aqui para vocês a história das mulheres com o dinheiro e a liberdade financeira, esta que demorou longos anos para ser alcançada e ainda precisa de muitos outros para de fato chegar à igualdade com os homens. Mas também trago uma informação curiosa: O feminismo, com os fundamentos conhecidos atualmente, surgiu no século XVIII, através das teses de William Godwin, isso mesmo, um homem começou todo esse movimento de luta das mulheres.
São mais de 150 anos de busca pela liberdade e equidade. No século XIX mulheres e homens viviam de maneira muito diferente, elas não tinham direito a fazer faculdade, não podiam votar e nem possuir terras; mulheres e crianças, assim como os escravos eram impossibilitados de exercer seus direitos civis.
Para que possam entender essa cronologia de busca incessante das mulheres vou relembrar aqui alguns importantes marcos na história: em 1827 tivemos a primeira vitória, o direito de frequentar as escolas; esse foi um primeiro grande triunfo, porque com mais conhecimento o mundo ficaria pequeno para nós!
Em 1840 ocorreu na Inglaterra um congresso contra a escravidão; uma delegação com mulheres e homens vieram dos Estados Unidos e aí o bicho pegou porque mulheres não podiam participar de reuniões políticas, mas elas já estavam lá e, convenhamos, desde sempre tivemos muita ousadia em tudo. As Americanas foram obrigadas a ficar em silêncio, atrás de uma divisória; duas delas, Lucretia Mott e Elizabeth Cady Stanton, revoltaram-se e resolveram dar um basta na desigualdade entre homens e mulheres.
Stanton escreveu uma declaração de igualdade de direitos, baseada na declaração de independência dos EUA de 1776: meninas deveriam ter direito a educação e mulheres ter direito a administrar seu dinheiro e se divorciar; em 1848 a declaração foi apresentada durante uma conferência abolicionista em Seneca Falls, Nova York, foi assinada por cerca de 100 pessoas e esta foi considerada a primeira convenção do movimento feminista.
E assim seguimos alcançando pequenas vitórias, batalha a batalha: em 1915 adquirimos direito a receber um depósito bancário sem precisar da autorização do marido ou pai; em 1962 foi aprovado o estatuto da mulher casada, onde ela poderia abrir conta em banco, trabalhar, receber herança, entre outros, sem a necessidade de aprovação do marido; 1974 conquistamos direito a portar um cartão de crédito e em 2021 somos mais de 1 milhão de inscritas na Bolsa de Valores Brasileira.Resumindo, desde o início até os dias de hoje foram 3 grandes ondas e 4 fases do movimento feminino, começando pelo protofeminismo até o século XVIII; seguido da 1ª onda no século XIX; 2ª onda, século XX e 3ª onda — século XX e XXI; Mulheres com muitos direitos alcançados, liberdade, mais…
Vale ressaltar aqui que o dinheiro enquanto invenção do ser humano para facilitar as trocas, relações humanas e identificar papéis tem seu significado em essência, conforme traz Glória Maria Pereira no livro As personalidades do Dinheiro, O feminino e o Masculino do dinheiro, o Yin (é o receber, usufruir, compartilhar, realizar sonhos) e o Yang (é o ‘fazer dinheiro’, criar oportunidades, trabalhar, negociar, comprar e vender, lucrar, investir) respectivamente. Todos nós temos as duas energias e uma é complementar a outra; somos livres para desenvolver dentro de nós essa integração tanto na vida pessoal quanto profissional.
O papel da mulher nos primórdios das civilizações era a fertilidade, o cuidar, o compartilhar, a paciência, delicadeza; essa essência do feminino entra no mercado de trabalho e hoje, no século XXI, não tem grandes conflitos entre exercer a maternidade e trabalhar para ter sua independência financeira.
Portanto, nos perguntamos: O que temos feito com o dinheiro que ganhamos? Conforme publicado pela Forbes em maio de 2021, 93% das mulheres Brasileiras acreditam que homens entendem mais de dinheiro do que elas, então o que mais vemos são mulheres ganhando muito bem porém, não possuem confiança para tomar decisões, daí acabam terceirizando a decisão sobre os seus investimentos, muitas vezes, para o pai ou marido, repetindo os ciclos lá do século XIX de uma cultura patriarcal.
Verdade seja dita, com toda a história de luta da mulher, como ela iria fazer um mal investimento? Estudos realizados pela Carol Sandler à Forbes relatam que as mulheres investidoras têm melhores resultados nos investimentos que os homens, então cai por terra a história de que eles entendem mais do que mulheres; elas têm a energia do cuidar e do multiplicar.
Dadas as enormes discrepâncias salariais e que refletem diretamente em patrimônios muito menores, o que precisamos é cada vez mais investir em conhecimento sobre como lidar com o dinheiro e fazê-lo trabalhar a nosso favor. É hora de desmistificar uma série de tabus que nos cercam e entender que mulher pode falar de dinheiro, de planejamento financeiro e controlar suas próprias aplicações.
Deixo aqui a sugestão da série Rainhas da Bolsa e do Livro As Personalidades do Dinheiro para que vocês mergulhem neste fantástico mundo das finanças e entendam um pouco sobre a nossa história no mercado de trabalho.
Cristiane Macedo
Assessora Financeira
Formada em Psicologia e psicopedagogia Educacional
Certificada Ancord pela Anbima e CFP® (Certified Financial Planner) pela Planejar. @criss_macedos