Infecção urinária afeta 50% das mulheres; saiba sintomas e risco da falta de tratamento

Sintomas podem incluir dor e necessidade constante de urinar e até a presença de sangue no xixi

A infecção urinária é muito comum e pode acometer cerca de 50% das mulheres com vida sexual ativa entre 20 e 40 anos. A razão se dá, principalmente, a uma característica anatômica: a uretra feminina é mais curta do que a masculina, o que torna mais fácil para as bactérias que causam a infecção urinária entrarem na bexiga e no trato urinário superior.

Além disso, a uretra feminina está localizada próxima ao ânus, onde as bactérias intestinais podem proliferar e se espalhar para a uretra e bexiga.

O problema também é frequente em mulheres idosas devido à redução do estrógeno, um dos principais hormônios sexuais da mulher e que tem efeito protetor contra as infecções urinárias.

A recorrência das infecções aparece em até 30% das mulheres, em um período de seis meses, e após o primeiro episódio.

Os sintomas da infecção urinária em mulheres

De acordo com o médico Cristiano Mendes Gomes, professor de urologia da USP (Universidade de São Paulo), as cistites são as infecções urinárias mais comuns e acometem, principalmente, o público feminino. Tipicamente, manifestam-se com dor na região da bexiga (acima do púbis), ardência ou desconforto para urinar e necessidade de ir ao banheiro várias vezes ao dia.

“Ocasionalmente, pode haver febre baixa, dor nas costas e alterações da urina, incluindo cheiro forte, aspecto turvo e até a presença de sangue”, afirma.

O especialista aponta que a demora no tratamento pode aumentar os riscos, favorecendo o desenvolvimento de infecções mais graves, como a pielonefrite, uma infecção renal desencadeada por bactérias.

O quadro pode se manifestar com os mesmos sintomas da cistite, geralmente acompanhados por dor lombar, febre e calafrios.

O que pode causar a infecção urinária

Gomes aponta que existem fatores que aumentam o risco de ter uma infecção urinária. Entre as mulheres jovens, a atividade sexual e a mudança de parceiro podem aumentar o risco de ter uma cistite. Nas mulheres na fase de menopausa, a redução do estrógeno pode ser um fator predisponente.

Além disso, fatores como cálculo renal, diabete, doenças neurológicas que levem a alterações da função da bexiga e doenças prostáticas também podem predispor às infecções do trato urinário.

— Cristiano Mendes Gomes, professor de urologia

O médico alerta que também é importante lembrar que outras doenças podem causar sintomas semelhantes aos de uma infecção urinária.

“Em mulheres, infecções vaginais podem se confundir com cistites. Um cálculo ureteral, que está descendo em direção à bexiga, também pode causar sintomas parecidos. Existem, ainda, outras causas de inflamação da bexiga, como infecções virais, por bactérias atípicas, inflamações químicas e neoplasias, que podem gerar quadro clínico sugestivo de infecção urinária”.

Quais são os tratamentos disponíveis para tratar infecção urinária?

“Quando falamos de infecção urinária quase sempre nos referimos às infecções causadas por bactérias. O tratamento para as infecções é baseado sempre no uso de antibióticos. A duração do tratamento depende de vários fatores, e preferencialmente, deve ser orientada pelo resultado do exame de urina (que identifica a bactéria causadora e os antibióticos adequados para seu tratamento)”, esclarece o urologista.

Há situações incomuns, decorrentes de infecções de maior gravidade, em que há fatores agravantes ou complicadores que requerem considerações especiais. Nestes casos, podem ser necessárias medidas adicionais, como uso de sonda vesical, retirada de pedra no rim, ou ureter ou mesmo a drenagem de algum abscesso.

De acordo com o especialista, algumas mulheres podem desenvolver quadro de infecções recorrentes do trato urinário – apresentando vários episódios de infecção ao longo do ano. Para estas pacientes, uma investigação mais abrangente com exames de imagem e cistoscopia pode ser necessária.

Em determinadas pacientes, afirma Gomes, tratamentos preventivos podem ser muito eficazes em prevenir novos episódios, incluindo a reposição de estrógeno (nas mulheres que estão em menopausa), uso de sucos ou concentrados de cranberry, tratamentos para melhorar a imunidade e uso de doses baixas de antibiótico preventivo.

Fonte: Marie Claire

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