Desde sempre, que me lembro de mim à procura de respostas para as questões existenciais e afins. Acredito que acontece com todos nós.
“Onde está Wally” pode ganhar uma pontuação altíssima no grau de dificuldade ou banalizado na resposta imediata, consoante a evolução que cada um tem no jogo… Mas se a resposta for óbvia, qual é o interesse?
As perguntas abstratas são bem mais interessantes para uns e não assertivas para outros. Segundo um estudo recente, a maioria dos adultos receia coisas abstratas, e que não tem forma física, ao contrário das crianças, imagine! Responder a perguntas sobre si próprio é complexo para a maioria das pessoas, mas há dois temas que são o assunto de todos:
O amor, e a felicidade!
Não existe ninguém que não deseje ser feliz. E, no entanto, a sensação que temos é que quanto mais ansiamos pela felicidade, mais a sentimos inalcançável. Uma coisa é certa: quanto mais a perseguirmos menos a alcançaremos, porque como Osho escreveu- A felicidade é um efeito secundário e não o resultado de uma busca direta.
Mas afinal o que é a felicidade, e o que podemos fazer para sentir que se demora mais em nós? Bom seria que a experimentássemos por uma vez que fosse e já não precisássemos de a repetir. Mas não. Vivemos em ansiedade latente, recorrendo a memórias de momentos passados, tentando projetar no futuro as sensações e sentimentos que queremos muito reforçar, como se só esses fossem capazes de significar o ouro. O ouro, o tal metal precioso, superior para os alquimistas, que nem o Elixir da longa vida, ou a criação da vida artificial se lhe igualavam. Transformar metais inferiores em Ouro era o primeiríssimo objetivo dos Alquimistas.
Sendo assim, talvez entrando num mundo de transformações consigamos a felicidade. Transformar sensações, sentimentos, imperfeições, limitações e outras moralidades, na tal fluência continua de alegrias e amor. Mas sem Ego. O Ego, diz quem sabe, não pode trazer nada de extraordinário ao mundo, até porque só sendo verdade e essência é que conseguimos brilhar na vida pessoal e profissional.
Afinal o amor é a grande autoestrada para a felicidade? Através das transformações que o amor opera em nós?
Sim. Porque é para nós, talvez a única certeza de que fazemos parte de um todo. Enorme, poderoso, intemporal e magnífico na sua essência, capaz de nos fazer acreditar que somos motivo de felicidade para outros, ou simplesmente para alguém. A certeza de que não queremos morrer sós e que percorremos a vida sempre acompanhados. mesmo sem sabermos qual é o caminho certo ou a paisagem perfeita, porque gostamos de muitas, mas queremos sentir que lhe pertencemos, gostamos de sentir o amor nas suas infinitas formas, de o manifestar, e de o questionar, também.
Quando a minha perceção de tempo se alterou, veio a consciência da finitude e eu passei a perguntar como é possível vivermos tanto e tão pouco. E quando adicionei a meditação ao meu dia a dia, passei a achar estranho vivermos a vida inteira presos nos nossos corpos e não podermos estacionar nem que fosse por cinco minutos e flutuar, livres dos laços da terra, como na meditação ou nos sonhos profundos, Com esta nova consciência que acredito ser comum, vem a urgência de viver mais e melhor, a necessidade de viver o amor, de o sentir e partilhar , de criar elos e reciprocidades, de fazer durar, de acreditar que vivemos para sempre no coração, e na infinidade das memórias de quem cá ficar por mais tempo,
Ah o amor! O fogo sagrado que faz as estrelas brilharem cintilantes, que faz a terra parecer pequena, que faz da noite uma sala de cinema minimalista. A luz que nos trespassa no infinito da imaginação e nos acorrenta ao que recebemos do outro, as palavras, os silêncios, e o imaginário que nos acelera o coração. E a terapia do amor, e a cura pelo amor, e as suas muitas metamorfoses. E o amor universal, e o amor incondicional…
O amor * O tema mais falado, mais escrito, mais cantado, mais exaltado e até banalizado, é o centro da nossa vida. Sem ele a felicidade não existe. E sempre soubemos que a felicidade depende do amor, e por isso, quando não é recíproco, quando nos desilude, quando é inacabado, a felicidade dilui-se, deixa de fazer sentido. Mas a verdade é que mesmo que só consigamos ver uma face da moeda, a outra também lá está,
Afinal tudo acontece em nós.
Aprender a ser feliz, quanto a mim é a infelicidade mascarada de esperança. A felicidade não se aprende, não se cria. Simplesmente é. Basta permitir que ela seja. E ao que parece, ela pode ser o resultado de transformações, das tais transformações, da Alquimia.
Da alquimia do amor, à alquimia interior,
Do Árabe Al-Kimia
Sandra V. Pimenta @sandravilaskenpimenta