O carnaval e a experiência do feminino a partir do olhar de cinco rainhas ou musas

Em cada vivência, aspectos como inclusão, representatividade e empatia também ditam o ritmo da batucada

A história destas de musas e rainhas do carnaval não passa somente pelo brilho suntuoso que vemos nos desfiles das escolas de samba. Ela não acontece nos dias de desfiles apenas, mas há muita dedicação envolvida em ensaio técnicos e durante todo ano, na verdade, quando todos pensam que o carnaval acebou para elas ele começou.  Por trás do glamour há, além de uma intensa preparação física, psicológica, aspectos como a complicada relação entre passistas que, muitas vezes, ajudaram a fundar as escolas; e anônimos ou celebridades que também fazem que o carnaval seja a maior festa do mundo. O relacionamento com que não é da comunidade do samba e ainda tem muito conservadorismo. Além disso, ainda impera o debate quando se trata de padrões, estereótipos ou estigmas. No dia a dia elas superam situações desde assédio, frustrações , preconceito e por aí afora. Em meio a tudo isso, como manter a motivação, o sorriso no rosto e o ânimo intacto? Pois o amor pela agremiação, pela maior festa do mundo fundamenta estas histórias feitas de empatia, garra, solidariedade, respeito, busca pelo diálogo e amizade que entrelaçam suas trajetórias. Vamos conhecê-las?

Gladys Altafini: “o samba me salvou”, dispara a musa da Dragões da Real que tem uma visão de realidades distintas

Gladys Altafini vive na Califórnia com seu marido e dois filhos, todos os anos ela investe tempo e dedicação vindo ao Brasil para expressar a gratidão que tem pelo carnaval.  A beldade que também é uma estudiosa dos ritmos africanos declara em alto e bom som que o samba a salvou em um momento de crise pessoal, foi no samba que ela resgatou a sua ancestralidade e saiu da depressão. Gladys, que foi adotada por uma filha com boas condições sociais e financeiras, sendo mulher negra, vive em um meio predominantemente branco, hoje ela consegue transitar entre diferentes classes sociais, países e etnias devido à adoção e este intercâmbio de culturas, ideias permite que a sua vivência seja mais diversa, inclusiva quem vê ela na avenida recebe um pouco deste multiculturalismo. Com as musas Galdys estabelece uma relação de soraridade, ajudando as  que não tem condições , por exemplo.

 Aline Ferreira: musa pede empatia e respeito

Aline Ferreira também pode ser definida como ‘ musa da empatia’. A catarinense que foi passista de várias escolas, tem uma opinião justa sobre um tema polêmico: passistas que pagam para desfilar nas escolas.  Nesse caso, como ficam as pessoas da comunidade? Para Aline a questão é simples: “O samba nasceu da inclusão, então, segregar estas pessoas não é certo. Precisamos valorizar tanto as pessoas das comunidades que deram origem às escolas, quanto aquelas que pagam para desfilar, que tem esse sonho e merecem vê-lo realizado”.  Aline também bate na tecla da diversidade, aceitação e inclusão quando se trata dos corpos das mulheres que desfilam. “Precisamos cuidar da saúde e entender que a perfeição só existe nas capas das revistas” observa.

Camila Prins: beldade transexual e rainha do carnaval paulistano

A história de Camila Prins fala por si só: a rainha da bateria Ritmo Responsa da escola Colorado do Brás já desfilou, desde 2000, em várias escolas paulistas como musa e destaque. Em 2018, foi eleita rainha pela primeira vez e este ano será a rainha oficial. “Um mérito e uma conquista” segundo suas próprias palavras.  Morando na Suíça há 22 anos, Camila que regularizou sua identidade social em 2015, afirma que nunca enfrentou preconceito de gênero, mas sabe que o Brasil ocupa a primeira (e triste) posição no ranking dos países que mais matam transexuais no mundo.

Letícia Guimarães: musa de carnavais mundo afora

A carioca Letícia Guimarães, nascida e criada na baixa fluminense, tem 15 anos de carnaval e já passou por várias posições: já foi ‘composição’, princesa, rainha do carnaval carioca e musa. Este ano ela vai desfilar em três escolas como rainha de bateria da Acadêmicos de Santa Cruz, Inocentes de Belford Roxo e musa da Mocidade Independente de Padre Miguel. Ela também já mostrou seu samba no pé na Alemanha, no Japão, na Argentina e em vários países africanos. O segredo para ocupar tantos espaços ela tem na ponta da língua: humildade, simpatia e carisma.

Ana Beatriz: beleza e trabalho social  

Ana Beatriz, já ocupou diversas posições no carnaval paulistano e desfilou em várias escolas como passista, madrinha e princesa. Há 20 anos como rainha da escola de samba Rosas de Ouro, ela que também é anfitriã do Camarote 011, jornalista, modelo e influencer, diz que nunca descuida do corpo e a beleza. “Sou uma rainha bastante presente nas atividades da escola como festas dos departamentos, apresentações e com as demandas e compromissos da bateria”. Ana também realiza um trabalho social através do projeto ‘Samba Se Aprende na Escola’ que atua junto à comunidade carente. Sobre a diversidade cada vez mais presente nas quadras das escolas, ela diz que sempre há ‘gente nova chegando’ e que este movimento é revigorante. Ela também cita a inclusão de pessoas com deficiência e de passistas plus size como aspectos que confirmam esta inclusão. “O Carnaval é isso! É a festa do povo e para o povo!”, salienta.

Fonte: IG Delas

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