Rio de Janeiro, Lisboa, Porto, São Paulo, Londres, Belo Horizonte, Niterói: estas são somente algumas cidades nas quais a brasileira Catarina Coelho esteve nos últimos anos. Ela, que se define adequadamente como empreendedora multipotencial, orienta seu trabalho, sobretudo, pela necessidade de buscar conexões, praticar networking e criar ‘pontes’ entre mulheres que empreendem nos mais distantes e distintos lugares do globo. Aliás, foi esta a motivação que a levou a criar, há 5 anos, a Rede Conexão Mulher, projeto que como o nome diz, tem como objetivo principal conectar empreendedoras das mais diversas áreas e lugares através dos canais como revista, editora, agência digital e podcast. Mas como ocorreu a ‘virada’ de Catarina para um tipo de trabalho que é o sonho inalcançável de muitas pessoas? Pois a carioca de 46 anos conta que se preparou para viver a liberdade de poder trabalhar em qualquer lugar do mundo durante alguns anos. “Trabalhei no mercado corporativo de multinacionais durante 20 anos e usei esta experiência para começar a empreender 10 anos atrás. Com o avanço do digital, entendi que isto me daria a possibilidade de trabalhar e levar adiante o projeto de conectar mulheres empreendedoras e estimular as conexões entre todas nós”, salienta. Mas para que a liberdade geográfica seja possível, a liberdade emocional deve vir antes, como lembra a desenvolvedora de negócios. “Sem a liberdade emocional e esta permissão interior que nós mulheres devemos nos dar, eu não teria conseguido. O que fiz para realizar este ‘sonho’ foi utilizar a experiência profissional que eu tinha, bem como minha formação acadêmica em administração de empresas, para planejar este momento que me possibilita viajar pelo mundo enquanto organizo tanto os lançamentos de revistas e livros quanto dos eventos relacionados à Rede Conexão. Sou uma mulher que acredita no poder das conexões entre pessoas e principalmente entre mulheres, e esta conexão também me fortalece”, ressalta.
Comunicadora nata, Catarina observa, contudo, que a sonhada liberdade geográfica, o almejado desejo de poder trabalhar em qualquer lugar do mundo que possibilita unir trabalho e turismo em certas ocasiões, requer a mesma disciplina necessária para se realizar tarefas comuns em qualquer atividade. “É essencial poder contar com um apoio, pois é preciso checar se a conexão do local é eficiente, se há uma estrutura adequada que permita a realização dos eventos e no caso das reuniões online que ocorreram bastante em razão da pandemia, estes aspectos foram fundamentais”, esclarece.
Durante o ano de 2021, Catarina contabiliza 5 meses nos quais esteve em trânsito e trabalhando em lugares diversos. Este ano a empresária conta que, até o momento, já passou 3 meses viajando e realizando eventos diversos em várias cidades. Mas entre tantos eventos e tarefas é possível conhecer os lugares? Ela responde: “Eu sempre me programo para trabalhar segunda, terça, quarta, quinta e na sexta e final de semana costumo conhecer os locais em que estou”, diz. Catarina também conta que recebe muitas mensagens de mulheres dizendo que sonham em fazer isto depois que os filhos crescerem e as condições financeiras foram melhores e, que ao respondê-las, sempre ressalta que a organização é fundamental quando se busca esta possibilidade. “Eu sempre digo que a liberdade geográfica depende da nossa capacidade de organização interior. Foram três anos me organizando e estruturando o trabalho online, e sem este planejamento seria impossível, pois nem sempre é simples viajar e trabalhar”, argumenta.
Por fim, ela insiste que a liberdade emocional é a base da liberdade geográfica, sem a primeira, a segunda não pode, de fato, existir. “O medo que nós mulheres temos de arriscar é um empecilho, por isso, digo que é a liberdade emocional que gere tudo”, salienta. Ela também ressalta que quando se viaja tanto a trabalho, o gasto de energia costuma ser maior e é preciso saber lidar com isto. “A necessidade de manter a concentração durante os eventos, de acompanhar se tudo está dentro do esperado durante as atividades online, por exemplo, requer muita energia. Mas tudo isso tem sido gratificante”, conclui.