CAMILA PRINS, ARTISTA TRANSEXUAL, É A RAINHA DA BATERIA RITMO RESPONSA DA COLORADO DO BRÁS

Pela primeira vez no Carnaval de São Paulo, a icônica artista e modelo Camila Prins será coroada rainha de bateria e reinará sozinha representando os ritmistas da Ritmo Responsa, coordenada pelo mestre Allan Meira.

Recém-chegada de Lausanne, na Suíça, onde vive com o marido, Camila Prins reina absoluta na frente da bateria da Colorado do Brás, em 2022/2023. No último Carnaval ela foi rainha LGBTQIA+ da bateria Ritmo Responsa, ao lado da rainha Maisa Magalhães e da princesa Yasmin Lourenço. Agora, só ela estará a frente da bateria.

Estou vivendo um sonho! Após 22 anos dedicados ao Carnaval, consegui conquistar o posto de rainha oficial. Sou a primeira rainha trans do Carnaval de São Paulo e esse é um marco histórico na folia paulistana. Estou quebrando tabus, representando meus pares e abrindo oportunidades para outras meninas que, como eu, sonham em estar em lugares que um dia nos foram negados. Nós somos iguais e podemos estar, e ter a chance de estar, em todos os lugares como qualquer pessoa”, declara Camila. Esse é o terceiro ano da sambista na agremiação.

Desde 2000, Prins vive intensamente o Carnaval e divide-se entre apresentações na Suíça e seus compromissos no Brasil com sua paixão que é samba. Camila também foi rainha do festival de samba de Coburg, na Alemanha, em 2021 e é rainha de bateria LGBTQIA+ da Real Mocidade Santista, na cidade litorânea paulista, em Santos.

Iniciou a carreira no Carnaval de São Paulo, no Mocidade Camisa Verde Branco, tradicional agremiação da Barra Funda.  Lá, chegou ao posto de madrinha da escola. “Se nos dias de hoje o Brasil é considerado um dos países que mais mata homossexuais, imagine há 20 anos. A intolerância era mais intensa e, mesmo assim, eu não desisti e fui conquistando meu espaço e o carinho e o respeito da comunidade sambista”, relembra.

Já teve passagens pelos pavilhões da Acadêmicos do Tucuruvi, X-9 Paulistana, Águia de Ouro, Tom Maior, Unidos do Peruche, Unidos do Vila Maria, Vai-Vai, Nenê de Vila Matilde, Pérola Negra e Leandro de Itaquera.

TRANSEXUALIZAÇÃO

Aos cinco anos, Tassiano Pereira de Moraes começou a dar sinais de que havia algo diferente e não se identificava usando roupas de menino e se comportando como seus colegas. Algo em seu interior estava distante da sua real identidade.

Na escola, o comportamento era diferente dos demais garotos e de seus irmãos. Com poucos anos de vida tinha convicção de estar em um corpo errado e inverso de sua alma. Assim, sua infância foi marcada por grandes dificuldades. “Tive respaldo da minha mãe que me deu suporte para entender e superar todas as dificuldades”, conta. Foi aos doze anos que iniciou o processo de aceitação e de entendimento sobre seu corpo, comportamento e gostos.

Coroação

Inspirada no enredo “A ópera de um pierrot”, a rainha optou por um show doe mágica do ilusionista Dimy que encantou toda comunidade e o público presente. A performance trazia uma grande caixa em que Camila estava escondida. Após um pocket show com a bateria e com o elenco de performático de clowns, Camila apareceu dentro da caixa em uma cena apoteótica surgindo no meio da fumaça e sendo recebida pelos palhaços. Com muitos aplausos, a rainha reverenciou a escola, sua comunidade e sambou ao lado da bateria e personalidades do samba que foram prestigiar esse momento único. 

Foi uma sensação ímpar! Já no ensaio eu senti que seria uma grande surpresa, mas no momento, embalada por toda emoção e pelo carinho dos meus amigos e de toda nação da Colorado, meu coração disparou. Estou acostumada com shows e trabalhos artísticos, mas dessa vez foi totalmente diferente, pois estou realizando meu grande sonho”, conta Camila Prins. 

A bateria da Colorado do Brás é conhecida por ter o maior número de pessoas LGBTQIA+ e agora terá como rainha uma mulher trans. Há quatro anos, Camila se apaixonou pela agremiação e vem fazendo um lindo trabalho em parceira com o mestre Allan Meira.

É uma honra para a Colorado ser pioneira no Carnaval de São Paulo e entregar o cargo de rainha oficial para uma personalidade LGBTQIA+. Camila traz essa representatividade e quebra de paradigmas, que é uma das características da nossa escola”, afirma o presidente Antônio Carlos Borges, Ká.

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