A análise apresenta a perspetiva da docente e da discente.
Rita Schaner é coordenadora de avaliações da Aprende Brasil Educação. Professora, pedagoga, atuou por 17 anos na rede pública de Curitiba (PR). Com mestrado em Educação, sempre trabalhou com a formação de professores.
Nesta qualidade e também na de mãe, mulher, filha e amiga ela percebe que na empresa que representa 70% do quadro é formado por mulheres e observa: “a educação é um espaço feminino onde somos a maioria. Nos identificamos neste espaço e fazemos com que as estudantes se identifiquem como força, como mudança, como emancipação, tendo em vista que, precisamos sim formar mulheres para lideranças que desde a infância são formadas para a autonomia, para o protagonismo, para a coragem porque os grandes cargos de maior remuneração ainda são dos homens e a escola precisa encorajar as estudantes. Como a escola é um espaço feminino neste ambiente não há uma necessidade de autoafirmação para a mulher como em outros setores. O machismo não impera. Não estou dizendo que não existe”.
No entanto, quando questionada, ela alerta que: “pesquisas apontam que as meninas, quando falamos de gestação na infância ou na adolescência, muitas vezes, abandonam a escola. É preciso despertar a consciência que esta responsabilidade é também do parceiro, do menino que foi participante. Outros estigmas precisam ser quebrados como “foi violenta por conta da roupa que vestiu” e a escola tem este papel de formar cidadãos conscientes e a mulher precisa se encontrar na escola e se projetar”.
Além disso, a coordenadora aborda a relevância dos novos formatos familiares na educação contemporânea. Com quase 50% dos lares de criação no Brasil sendo liderados por mulheres, é necessário considerar e apoiar as diversas configurações familiares, buscando proporcionar um ambiente acolhedor e inclusivo para todos os estudantes. Schane também aborda a questão da gravidez na adolescência, apontando que a responsabilidade não deve recair apenas sobre as meninas, mas também sobre os meninos e suas famílias. Ela enfatiza a necessidade de valorizar a mulher como agente de transformação, luta e mudança, destacando que a escola deve ser um espaço onde as mulheres se sintam empoderadas e capazes de projetar suas vidas.
Já sobre a questão da patologização, Schane enfatiza que a escola não faz diagnósticos e não deve assumir responsabilidades que são da área da saúde, pois seu papel é o de promover os processos de ensino e aprendizagem. Em casos em que se percebe características específicas em alunos, a orientação é encaminhar para avaliações médicas e laudos adequados. A escola deve se adequar às necessidades identificadas para proporcionar um trabalho pedagógico efetivo, garantindo uma educação inclusiva e focada no desenvolvimento de cada aluno. Quanto à inclusão e diversidade, Schane destaca a falta de recursos e políticas públicas para fomentar a formação adequada para lidar com a inclusão nas escolas públicas, o que dificulta o trabalho dos professores.
A educadora conclui que: “a educação sempre foi um campo de bastante embates e infelizmente discutimos segurança quando, na verdade, deveríamos discutir investimento nas escolas, por exemplo. Mas, a escola é um mecanismo de luta e ascensão que sempre teve uma visão de futuro. Precisamos valorizar as boas práticas nas instituições com foco na melhoria de processos, portanto precisamos de políticas públicas adequadas”.
A coordenadora ainda ressalta que a educação está passando por transformações e enfrentando diversos problemas, mas é por meio do fortalecimento dos vínculos entre escola, comunidade e família que muitas práticas bem-sucedidas têm sido desenvolvidas. Schane destaca o investimento crescente em tecnologia, competências socioemocionais e experiências externas trazidas para dentro da escola como elementos que contribuem para uma educação com visão de futuro.
Sobre a Aprende Brasil liderada por Rita Schaner
A Aprende Brasil Educação tem o foco na escola pública e desenvolve recursos específicos para as escolas públicas. Atendimento in loco, por meio das parcerias. Sistema de ensino para os municípios, sobretudo para o discente que não alfabetizado na fase tida como ideal Pensando em processo e não no resultado. No processo de educação às vezes algumas crianças ficam para trás por inúmeros motivos, a ideia é acolher e trazer para o mesmo nível. Fazer a escola para a criança que sabe é simples, mas o desafio da empresa é fazer uma escola para aqueles que precisam.